Nada se perde, tudo se transforma. Achei uma moeda de cinco centavos no chão. Não que valha muito, afinal, após a extinção da moeda de um centavo, a de cinco passou a ser a de menor valor.
Talvez quem a deixou cair no chão nem tenha percebido. Ou talvez tenha voltado à pé para casa. Nesta última hipótese, seu valor beiraria o inestimável.
Destinada a um cofre qualquer, aquela moeda, cujo real valor nunca saberemos, calhou de mostrar-se a meus míopes e recém acordados olhos. Abaixei-me, recolhi aquele pedaço de metal tirado à calçada e guardei em meu bolso.
A princípio, uma atitude corriqueira e inofensiva, uma vez que seria impossível rastrear seu último portador. Passado o dia, a sensação de estar retendo algo que não é de meu. Bagatela. Mas não minha.
Passarei-a adiante. Talvez deliberadamente deixe-a em algum lugar em que alguém, com olhos quiçá astigmatas e cansados da jornada, possa vê-la e decidir a sua sorte. Assim ela, ou outra moeda cujo valor real também nunca iremos saber, chegará novamente em minhas mãos, completando o ciclo de trocas econômicas, mas, sobretudo, de reais valores que nenhum engenho é capaz de medir. Isso lá são coisas da arte.
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
Cinco centavos
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3 comentários:
Fazer crônica com uma moeda de cinco centavos, definitivamente é um talento! Amigo, que bela descoberta!
Gostei demais! :)
E hoje fiquei devendo cinco centavos para o moço da banca. A moeda já tem seu destino!
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