sábado, 7 de fevereiro de 2009

Um dia perfeito de trabalho

O relógio marcava a aurora ainda não vista. Os olhos cerrados e a boca aberta para auxiliar a respiração não testemunhavam esse breve e fugaz momento em que somos brindados com uma nova manhã; quiçá com uma nova esperança, como se num passe de mágica o dia anterior tivesse se tornado apenas um a mais.

O despertador mecanicamente desprendia seu ruído: eram as primeiras palavras de bom dia que acudiam a seus ouvidos cansados de não escutar. Passara o fim de semana em um sítio e ficara deveras enfadado por descobrir que sabia distinguir os sons dos diferentes motores e, apesar de concordar que era belo o canto dos pássaros, comparava-o a uma orquestra polifônica descompassada.

Seguiam-se as saudações da cafeteira, da sanduicheira e da televisão com as notícias frescas do dia, mais frescas que o pão que comia. Ao entrar no banheiro para a última tentativa de dar ao corpo o ânimo que há um certo tempo perdera no meio do ar enfumaçado e translúcido da cidade, uma redenção: era feriado.

Sinos dobraram nos registros da ducha e os ralos pareciam gritar o aleluia.

4 comentários:

Anônimo disse...

Adorei a algazarra de sons!!!

disse...

Creio que não exista equilíbrio sem arte. Mas, esta uma visão pessoal. rsrs

Gostei do texto...

Anônimo disse...

É tão bom passar por esses momentos né? da um alívio tão grande! :P
Como sempre, arrasando nos textos ^^

abraço mariano para você.

Anônimo disse...

"...como se num passe de mágica o dia anterior tivesse se tornado apenas um a mais."
Na verdade, um a menos.

Até.

(Não leio "quiçá" há tempos. Matei saudades. Obrigada.)