sábado, 20 de fevereiro de 2010

Parte sem par

você não mais está
o colchão
dá o limite de seu corpo
a marca de seus pés
figuram no chão
o tato de sua pele
esvai-se como perfume recém passado

a saudade arde
queima
corroi
esfarela

sou um errado errante
uma alma sem ânima
um orbe sem órbita
um amante sem amor

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Reflexo

Teus olhos refletiam a luz do ambiente. Ainda que, quando estávamos juntos tudo à nossa volta sumia, a confusão de luzes da cidade fazia por revelar ainda mais a ternura de teu olhar.

E enquanto escrevias, pensei sobre a sensação do tato sob as pontas da minha mão direita. A mesa. Mas não há mesa, não há nada à nossa volta quando estamos juntos. Nem a pressão do meu cotovelo na mesa enquanto a mão esquerda apoia meu queixo para minha cabeça admirar-te enquanto escrevias. Não há mesa. Há apenas tua presença por todo o ambiente e em ti me apoio e se não es tu no tato da ponta dos meus dedos, es tu quem entra por meus ouvidos quando te admiro em teu silêncio.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Anatomia

Na força das mãos dele é que encontrava sua força.

Na presença de seus pés é que encontrava seu caminho.

Através de seu amor, fluido que nem seu sangue, a vida corria por suas veias.

No abraço dele é que encontrava o molde perfeito no qual se lapidava diariamente.