quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Simples desejo

Habitavam o mesmo ipê que margeava aquele caminho por entre as montanhas. Apesar de haver por ali várias outras árvores de diferentes cores, aquele com flores amarelas, logo após a curva, era o preferido dos dois. Gostavam, cada um, de se abrigar entre as pétalas tonalizadas.

Bastava o sol se pôr e o céu tornar-se de um azul viscoso, iniciavam sua tarefa de pequenos insetos. Não se sabe se por instinto ou por saudade do brilho solar, acendiam e apagavam seus corpos num ritmo somente entendido pela natureza que os havia criado. Em verdade, não percebiam que dessa forma faziam daquela estrada uma extensão da abóbada celeste com suas estrelas cintilantes.

Numa noite chuvosa de primavera, os dois vagalumes preferiram não se arriscar afora e, protegidos entre as pétalas, emitiram bem forte suas luzes, na esperança de que alguém os visse. Surpresa foi quando se deram conta de que cada um admirava a luz amarela vinda da flor vizinha. Trocaram timidos olhares. Foi inevitável, se apaixonaram.

Daquele dia em diante, saíam juntos todas as noites acendendo e apagando seus corpinhos numa sinfonia de luz para os olhos. Cortejavam-se e descobriam novas flores, novas formas de brilharem. O sentimento que os unia era tão grande que um belo dia pediram ao sol que os transformasse em estrelas. Queriam, assim como elas, iluminar o céu noturno com seu amor.

O Sol, então, lhes disse: "Meus pequenos amigos, ser uma estrela é um dom divino. Uma tarefa que desempenho com muito júbilo. Com meus raios, trago luz e alegria à essa terra em que vivem. Com meu calor, aqueço o ar e a água. Dou vida às plantas e a todos os animais. Porém, com isso, sempre um pouco de minha vida se esvai. Sei que este é o meu trabalho, contudo, ninguém pode me olhar".

Os vagalumes, que prestavam bastante atenção àquela lição, contestaram: "Veja, amigo Sol, que não estás sozinho. Tens tua companheira, a Lua, que te segue e te reflete. Sem ti, ela não poderia inspirar poetas e músicos, enamorados e navegantes. Ao contemplarmos sua argentina beleza, estamos contemplando o amor que tens por toda a criação. Tranforma-nos em estrelas, te rogamos".

A Lua, que observava calada a essa tertúlia, sentiu-se tocada com o puro desejo daqueles dois dimunutos insetos. Conhecedora que era do mundo e das marés, mãe de todas as forças, senhora do silêncio e das paixões, lançou seu olhar ao Sol e lhe pediu que os ajudasse. Diante de tamanha expressão, o Sol não pôde se negar e lhes transformou em humanos.

Ao se virem assim, de mãos e pés, cabeça e coração, se abraçaram com força, se olharam e se admiraram. Ainda não eram estrelas, mas bastava abrir bem as pernas e esticar os braços para se tornarem uma. E seus caminhos, agora juntos, foi de muita luz.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Enviado

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domingo, 13 de setembro de 2009

Soquerer

Só eu te quero
Eu só te quero
Eu te só quero
Eu te quero