quinta-feira, 30 de abril de 2009

Fatalidade

"Nascimento significa desunião do todo, limitação, afastamento de Deus, penosa reencarnação. Volta ao todo, anulação da dolorosa individualidade, cheegar a ser Deus quer dizer: ter dilatado a alma de tal forma que se torne possível voltar a conter novamente o todo."1

Lex diz: Sabe o que me chama muito a atenção nesse trecho? A "anulação da dolorosa individualidade". A gente passa a vida inteira nessa atitude pequeno burguesa da propriedade: isso é meu, isso é seu, e o que é minha possa passa a ser determinante de minha personalidade. Mas, vem cá, quando você nasceu, o que você tinha?

Fabrício diz: Mais verdade do que a verdade contida. Nasceu vivo e nada tinha.

Lex diz: E quando morrermos, o que teremos?

Fabrício diz: Menos do que quando nascemos. Pelo menos uma vida inteira a menos pela frente.

1: Hermann Hesse in O lobo da estepe

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Meu canto, marinheiro, ouvi

Se a voz do mar
foi a que deu coro
à inquietação lusitana,
hoje são vozes d'África
que atormentam meu inquieto coração.

Se o maracatu como sagrado oráculo
anuncia o destino,
não serei eu a blasfemar,
a me ajoelhar
e pedir-te para ficar.

Se navegar é preciso,
É preciso viver, não é?
Preciso.
E se o cabo é de boa esperança,
Sim, eu te espero.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Voulez-vous poser une quéstion?

Pensei que depois de ponderar muito a respeito do mundo e das relações humanas conseguisse resumir as questões da vida em algumas poucas. Consegui.

- De onde vim?

- O que faço aqui?

- Para onde vou?

E isso não é reconfortante nem aumenta o desapego. Ao final a sensação é de estar no meio do túnel sem enxergar a luz de seu fim para onde quer que olhe.

Lembro-me de minhas sensações claustrofóbicas.